sábado, 1 de agosto de 2009

ENDOCRINOLOGISTA NA CIRURGIA BARIÁTRICA

O tratamento clínico da obesidade realizado através das mudanças comportamentais (reeducação alimentar e atividade física) e do uso efetivo de medicamentos antiobesidade, geralmente não surte efeito sustentado nos indivíduos com a obesidade grau III (IMC > 40 kg/m²). Para estes obesos a oscilação ponderal, a perda da auto-estima, a presença de co-morbidades (hipertensão arterial, diabetes tipo 2, artropatias, disfunções respiratórias, etc.) e os freqüentes insucessos aos tratamentos clínicos existentes levam à busca de um tratamento mais eficiente. Nas últimas décadas a solução para esse problema vem sendo encontrada na cirurgia bariátrica. Porém, o sucesso dessa cirurgia dependerá de uma equipe muldisciplinar integrada e capaz de respeitar os rigorosos critérios de seleção de pacientes obesos candidatos à cirurgia e de oferecer acompanhamento pós-operatório contínuo.

A presença de um endocrinologista é importante na avaliação clínica do paciente tanto no pré-operatório quanto no pós-operatório. Antes da cirurgia, o paciente deve passar em consulta com o endocrinologista para avaliação dos critérios de indicação e contra-indicações clínicas (cirrose hepática, doenças renais, distúrbios psiquiátricos, alcoolismo, distúrbios hormonais, etc.) para a cirurgia bariátrica. Essa avaliação pré-operatória é sempre realizada através de exames de sangue, ultra-som de abdome, endoscopia digestiva alta co, além da avaliação cardiológica, nutricional e psicológica/psiquiátrica. Nos casos de indivíduos diabéticos em descontrole metabólico e que estejam em tratamento com antidiabéticos orais e/ou insulina, a cirurgia deve ser adiada até que o endocrinologista consiga um melhor controle glicêmico visando diminuir os riscos de complicações durante e após a cirurgia.

Os pacientes operados, além dos retornos com o cirurgião e nutricionista nos primeiros dias após a cirurgia, também deverão retornar ao endocrinologista e a primeira revisão com exames laboratoriais é realizada em torno do 30º dia pós-operatório ou conforme a necessidade. Os pacientes com diabetes geralmente apresentam melhora glicêmica imediatamente após a cirurgia, sendo que muitos chegam a reduzir ou mesmo suspender o uso de medicamentos. Por fim, os clínicos e cirurgiões devem estar preparados para evitar as deficiências de ferro, ácido fólico e vitamina B12.

Dr. João Paulo Iazigi

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